Com o business plan semi-acabado, decidiu-se apresentar uma prévia dele aos investidores. Na época, o mercado de Internet estava em ebulição, e todos os bancos desejavam contar com o maior número possível de empresas "pontocom" em suas carteiras de investimentos. No entanto, tudo era muito novo, e ninguém sabia absolutamente discernir entre um projeto com chances de sucesso e outro sem nenhuma. O resultado disso era a disparidade total das reações iniciais sobre o DirectTalk: algumas muito encorajadoras, outras nem um pouco. Enquanto esperávamos um retorno dos bancos contatados pelos consultores que ajudaram a escrever o business plan, recebemos uma visita inusitada.

Por meio de um amigo, o presidente de uma empresa de venture capital (chamada E-Platform) ficou sabendo do projeto, e na sexta-feira à tarde nos visitou. Ele ficou entusiasmado com o DirectTalk, e após duas outras reuniões realizadas neste mesmo final de semana, fechamos um acordo de investimento na segunda-feira.

O fato do sistema já estar em funcionamento em dois clientes importantes teve um grande peso neste momento.

Com a definição do contrato, surgiram algumas questões-chave. Por exigência dos investidores (que mais tarde se provou acertada), a nova empresa deveria dissociar-se completamente da Ox Tech, sendo coordenada por dois sócios em regime integral. Também seria alocada fisicamente em outro escritório, em conjunto com a E-Platform.

Esse processo gerou alguma apreensão entre nós, os sócios da Ox Tech.

Quem seriam as pessoas mais indicadas a irem para a nova empresa?

Como ficaria a situação depois da partilha, com duas empresas ainda menores?

Definimos então, a nova estrutura das duas empresas: a DirectTalk seria dirigida pelo Alexandre e Gustavo. Eu e o Francisco ficaríamos responsáveis pela Ox Tech. Apesar disso, combinamos que todas as decisões estratégicas tomadas em ambas as empresas seriam sempre discutidas entre os quatro.

Com os recursos proporcionados pelo processo de incubação, muita coisa pode ser acelerada. Logo no início deste período, foram efetuadas algumas contratações necessárias para a criação de áreas de atuação dentro da nova empresa: comercial, atendimento a clientes, marketing e desenvolvimento.

Em pouco tempo, a DirectTalk possuía um quadro de funcionários maior do que o da Ox Tech antes do spin-off .

Todas as questões jurídicas e de infra-estrutura eram prontamente solucionadas pelo pessoal da E-Platform, permitindo a concentração da equipe nas tarefas cruciais.

A Ox Tech conseguiu em pouco tempo repor os funcionários "transplantados", e aproveitar muitos dos contatos efetuados pela equipe comercial da DirectTalk para prestar seus serviços em conjunto.